sábado, julho 16, 2022

Esquecer de mjm


Quero esquecer de mim


Eles acham que a maior prisão do mundo é a língua alheia, andar nos conformes a sociedade estipulou. Obrigam-nos a guardar o escuro, as lágrimas ou eletrões e obrigam-nos a guardar os ruídos das gargalhadas, os beijos ansiados, os erros da poesia, as melodias que acordam o monstro da paixão. Eu acho que eles querem robôs, desfilar pela cidade sobrecarregada de sonhos esquecidos, a exercitar um sorriso cordial, não mostrar muitos o dentes, mas também não escondê-los.


E então eu o encontrei, tentava disfarçar o espanto, a surpresa de ser completamente invadido e mesmo assim com uma reação robótica.


Olho para o sol através das árvores que faziam sombras na nossa cara, desenhava a proibição de qualquer sentimento que possamos possuir no momento . Apreendi bem que não posso inclinar em cima da mesa e beijar-te, um beijo daqueles de segundos. E há melhor forma de dizer que te amo que não seja um beijo fugaz?! 


Talvez goste de viver nessa pressa de amar, de rir, de andar com passos atrapalhados, de falar muito, de suspirar e de chorar quando os teus olhos não tocam-me. 


Contemplo o céu brevemente e depois caio na demora dos teus lábios, não apago o fogo das minhas gargalhadas e deixo escapar: “Já não tenho sonhos”. 

E agora ao re-escrever isso percebi que estou perante a flor mais linda do mundo no jardim da minha vida. Perceber o quanto amor domino e que o silêncio não abraçou-me mesmo quando os braços das palavras ferem-me.


E quando digo que os meus sonhos são todos mortos, espero que olhe ao redor e chame-me de louca. Talvez nem espere que possas nadar no oceano da minha alma. 

Sabes que sempre fui “muda” dos olhos, que sou incapaz de agarrar-te, mesmo que fales dos caules que abracam os troncos e vivem em harmonia, mas eu não sinto a sintonia, sou demasiada incompetente para “lutar” para qualquer emoção. Sou muito infeliz para amar um sedentário e extremamente triste para amar um nomado. Faço como faço com os pirilampos que apanho durante a minha caminhada. Jogo no infinito da noite e espero que brilhem e espero esquecer pelo menos por um tempo mesmo que seja curto, espero que eu possa  esquecer de mim, pelo menos um bocadinho.


Mas tu persiste em cair no meu regaço e dizes-me: “menina porque não tens escrito, escreve por favor”.

sexta-feira, julho 15, 2022

Amarelo













































 “I have to change to stay the same” Willem de Kooning 

Amarelo forte, amarelo que cega-me, amarelo que quebra-me os olhos, amarelo que de qualquer maneira limpa as cinzas das lembranças, amarelo que fez-me lembrar que amava amarelo mas preferia usar azul, azul para encher-me os olhos de choros, azuis para encher-me o céu do peito, azul porque para mim era errado amar amarelo, era errado amar as minhas gargalhadas, era errado sorrir para o mundo, era errado tudo que tocava.

Eu quero correr pelo amarelo, dormir nesta cor de sol, quero abraçar o amarelo, quero casar de amarelo.

Fui para #kunstakademie e como eu ando sempre com amarelo radiante nos lábios, por momento o azul caiu na flor da pele, lembrei que vivi a vida toda no azul quando eu deveria claramente viver no amarelo. Dizem que fui forte, eu acho que fui doida ter andado quase 5 anos a estudar verdes, a resolver a cor da matemática, a morder os lábios na força física quando eu deveria entrar na casa dezena morando lá no amarelo, com as pessoas como eu, louca, doida, esquisitas, dramática, emocionada, oferecidas como disseram a vida toda. 

Eu entrei com amarelo trancado naquele músculo precioso que é preso em qualquer outra cor, sei lá ou talvez melodia. Preso em qualquer coisa e talvez pintada, “emborada” de azul. Levei quase 4 dezenas a ouvir o brilho afiado que feria-me o ser, o saber, a identidade, a musica e até o sexo, para hoje entrar no amarelo e saber que eu pertencia a sol que não queima, que não brilha, que não arde, que não machuca. Eu pertenci ao amarelo que deixava-me carente de romances, de risos escandalosos, de palavras fritas e negras. Passei 4 dezenas para saber que pertencia aquele mundo e hoje saber que aquele mundo não faz mais parte de mim. Eu não posso viver amarelo porque os meus filhos precisam de azuis. Azul és tu sistema, azul és tu que aprisionou-me nesta vida, azul és tu querido que obrigava a esconder-me o meu amor pelo amarelo. Azul eu continuo a escolher-te porque como diz o poeta: “eu pertenço ao amarelo mas tenho de caminhar para as linhas do azul para continuar a ser amarelo.


#kunst #handwerk #kunstakademie #Rotterdam

quarta-feira, julho 15, 2020

"És tu, mulher.

Nas fotos, nas lágrimas
No banho, na preguica,
Nos perfumes e nas cólicas
Menstruais,
Na realidade
Na panela ou na poesia
Na fragilidade de acreditar
Na mentira da paixão.
És tu mulher,
Nos palavroes
Na seducao
Nos risos
Na desilusao
No caminho
Nas flores
Nas músicas
Nas espadas
No espelho
No suspiro
Nos passos
Nos beijos
Nas fantasias
És tu mulher
De calca ganga
De rosa
De caneta
De porno
De liberdade
És tu mulher
De medo
De leveza
De fada
És tu, só falta
Enxergares
Este teu poder"
És mulher e
És mulher de sonho.
Es tu Gloria Sofia
És tu mulher.

MulherioDasLetrasZilaMamede
♀️ Coletivo feminista literário
🙋🏻‍♀️ Regional do @mulheriodasletras_oficial
📚 Responsável pelo Clube de Leitura Mulheres Lendo Mulheres. 

segunda-feira, julho 13, 2020

Mouaziz - Gloria Sofia

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