quarta-feira, janeiro 14, 2009

Profissão dos pais influencia estudantes


As diferenças de desempenho escolar dos alunos do secundário surgem associadas às qualificações escolares e às profissões dos pais, sendo pouco relevantes factores como a origem étnico-nacional, revela um estudo do Ministério da Educação.

O estudo abrangeu 588 escolas públicas e privadas das diferentes regiões do País e baseou-se em inquéritos a 46.175 alunos do 10.º ano ou equivalente (correspondente a 44 por cento do universo), a frequentar as diferentes modalidades do nível secundário no terceiro trimestre de 2007/2008.

Segundo o estudo “Estudantes à entrada do ensino secundário”, factores como a origem étnico-nacional, línguas faladas e participação dos pais em diferentes aspectos da vida escolar dos alunos têm pouco ou nenhum peso na explicação do desempenho escolar dos alunos”.

Os alunos que ingressaram no 10º ano ou equivalente em 2007/08 têm um perfil social com uma representação algo elevada de grupos com maior vantagem socioeconómica, refere o estudo. O percurso escolar destes estudantes caracteriza-se por uma fraca incidência da retenção, nomeadamente retenções precoces (no 1º e 2º ciclo do ensino básico), por uma quase total inexistência de interrupções dos estudos e um predomínio de classificações positivas, indica o documento. O estudo refere ainda que os estudantes do 10º ano ou equivalente inquiridos têm na quase sua totalidade nacionalidade portuguesa (95,4 por cento).

Relativamente à origem étnico-nacional, 80,7 por cento dos alunos têm origem portuguesa, 7,8 por cento têm origem luso-africana, quatro por cento são descendentes de ex-emigrantes e 2,2 por cento têm origem luso-europeia.

Uma proporção significativa das famílias/responsáveis dos alunos inquiridos têm o 2º ciclo do ensino básico ou menos concluído (36,2 por cento), seguido do 3º ciclo do ensino básico (23,9 por cento), do ensino secundário (21,6 por cento) e do ensino superior (18,3 por cento).

Assim, é possível observar que cerca de um terço dos estudantes inquiridos (36,2 por cento) possuem já um nível de escolaridade mais elevado do que os seus familiares/responsáveis e que perto de um quarto está próximo de o realizar (23,9 por cento).

A análise da origem socioprofissional dos estudantes revela que os alunos provêm em maior proporção de famílias com categorias mais providas de recursos, caso dos “Empresários, Dirigentes e Profissionais Liberais” (41,4 por cento) e dos “Profissionais Técnicos e de Enquadramento” (16,5 por cento).

Em termos globais, constata-se que à entrada do secundário existem mais raparigas do que rapazes, o que está associado a perfis de desempenho escolar mais elevados por parte das alunas.

No que se refere à escolha da escola, os estudantes seleccionam-na principalmente em função da proximidade da residência e da oferta escolar, embora o factor amigos e o facto de os próprios alunos já terem estado nesse estabelecimento também tenham alguma relevância.

Quanto à questão da mudança de cursos, na maioria das situações, são os alunos dos cursos científico-humanísticos que, proporcionalmente, mais referem pretender mudar para um curso profissionalmente qualificante.

O estudo, realizado pelo Observatório de Trajectos dos Estudantes do Ensino Secundário (OTES) do Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação com o objectivo de produzir e analisar informação relevante para os processos de tomada de decisão relativamente ao ensino secundário.
in:http://noticias.pt.msn.com/article.aspx?cp-documentid=12758752