quinta-feira, março 12, 2009

Mulheres, elas ainda buscam o par perfeito


Sorriso bonito, olhar de quem sabe, um pouco da vida... Por experiência, sabe a diferença de amor de paixão. O que é verdadeiro caso passageiro, ou pura ilusão... É jovem bastante, mas não como antes, mas é tão bonita. Ela é uma mulher, que sabe o que quer, e no amor acredita...”.

Como diz Roberto Carlos na música “Mulher de 40”, essa procura por um amor é real no mundo feminino, mesmo quando se trata de mulheres mais experientes. E hoje, no Dia Internacional da Mulher, nada melhor do que falar desse assunto.

A pesquisa “Critérios de Eleição de Parceria Amorosa de Mulheres entre 40 e 60 Anos de Idade: definição de relacionamento amoroso”, que confirma a eterna busca pelo amor perfeito, foi desenvolvida pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Pará.


Foram entrevistadas, por meio de questionários anônimos, 100 mulheres que tinham estabilidade financeira e estavam na faixa etária entre 40 e 60 anos, independente da situação civil. “A maioria das entrevistadas estavam dentro de universidades, muitas eram mestras e até doutoras”, diz a professora e orientadora da pesquisa Regina Célia Brito.

Em uma das etapas, as mulheres tinham que eleger as cinco principais razões para escolher um parceiro e as três mais colocadas foram carinho, companheirismo e estabilidade financeira do homem. “A beleza ficou em último lugar”, informa a orientadora.

Porém, quando elas são questionadas sobre os seus relacionamentos reais, todos os sonhos dão lugar à realidade e aos problemas. “Mesmo nos dias atuais, as mulheres carregam consigo uma idéia muito romântica e continuam a busca pelo par perfeito. Elas enxergam os homens como uma necessidade para serem felizes. E quando passam por uma separação e iniciam outro relacionamento, acreditam que essa nova pessoa vai trazer a tão desejada felicidade”, diz Regina Brito.

Outra contradição acontece quando as mulheres descrevem os relacionamentos atualmente, de seus amigos e de uma maneira geral. “Elas usam adjetivos pejorativos, como egoístas, falsos, interesseiros, mas o que elas não percebem é que também estão inseridas nesse mundo”, comenta a orientadora.

A pesquisa também mostrou que, quanto mais independente a mulher for, mais problemas ela terá que enfrentar na relação. “Hoje elas sustentam a relação por gostar do parceiro, e não por depender deles. Esse é um dos motivos do alto índice de divórcio e da pouca duração das relações. Porém, essas mulheres também vão atrás de outros relacionamentos”, explica Regina Brito.

Quando o assunto é sexo, as mulheres assumem. “Elas mantém em média três relações sexuais por semana, mas gostariam de ter até seis, só que a correria do dia-a-dia as impedem”. As entrevistas ainda colocaram o seu desempenho sexual e do parceiro entre regular e bom.

“Não acredito que as mulheres vestem uma ‘capa’ para parecerem fortes, mas sim se posicionam como é necessário atualmente. Com a possibilidade de atuar em cargos antes apenas ocupados por homens, elas precisam tomar posturas rígidas, mas isso não acaba com o feminismo nem com o romantismo delas. As mulheres são sensíveis e as que assumem essa imagem muito masculinizada com certeza sofrem mais”, diz a orientadora.

O tema da pesquisa será estendido esse ano para mulheres de baixa renda e homossexuais. “Queremos saber se as mulheres procuram em outras mulheres as mesmas características que as heterossexuais procuram em homens”, diz Regina Brito.

A pesquisa foi desenvolvida pela bolsista Tamiles Costa, contou com a orientação da professora Regina Célia Brito e com o apoio da mestranda Marilu Cruz e da bolsista Gabriela Ribeiro, sendo financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A BUSCA - Mesmo ainda faltando alguns anos para entra na faixa etária da pesquisa, Jaciara Pessoa (33) é um dos exemplos dessas mulheres que enfrentam a dificuldade de encontrar um grande amor. “Fui casada durante seis anos, mas atualmente estou separada. Casei esperando que fosse para a vida toda, queria constituir família e ter filhos, planejei um futuro ao lado dele. Porém, essa situação não fez com que eu desistisse do casamento, não quero ficar sozinha e pretendo tentar novamente”, diz.

Jaciara é educadora física, empresária e professora da Secretaria de Estado de Educação (Seduc). “A minha estabilidade financeira foi um fator primordial para eu não seguir com a relação. Sabia que se eu me separasse poderia me sustentar”, explica.

Com tantos compromissos profissionais fica ainda mais difícil encontrar alguém. “A nossa vida profissional diminui a vida social. Além disso, vamos ficando cada vez mais exigentes, principalmente em relação à situação financeira do parceiro. Essa independência da mulher assusta os homens, eles têm medo de ganhar menos que nós”, diz.

Para Jaciara, o problema fica ainda maior com o passar dos anos. “Os homens da minha faixa etária já vem com o pacote completo, ex-mulher e filhos, e eu não quero. O meu ex-marido já era pai e isso atrapalhou bastante. Quero alguém que seja tão livre quanto eu”, explica.

Jaciara assume que, como todas ou a maioria das mulheres, busca o par perfeito. “Acho que foi por isso que não deu certo a minha relação, pois na realidade as coisas são bem diferentes. Procuro um homem carinhoso e independente, que goste de praticar exercícios, seja inteligente, bonito, goste de viajar e passear nos finais de semana. Todas aquelas qualidades que as mulheres em geral querem”, comenta. (Diário do Pará)